domingo, 26 de fevereiro de 2012

Esperanças quebradas

Sentir o que não se quer sentir. Gostar de quem não quer gostar. 

Uma esperança silenciosa e escruciante, que se acende a cada faísca de possibilidade. E ela queima, arde, incomoda.

E ai a decisão, a quebra da esperança. Não um fim, mas um novo começo.
Tempo de inundar o coração com dor, para que seja capaz de amar um outro alguém. 

E assim, surgem os primeiros versos de "Esperanças quebradas" :

Esperanças quebradas 
Estilhaços de um sonho pelo chão 

Eu recolho os pedaços 
Derramo choro pra lavar a frustração  
Que habita o coração 

Eu contorço o corpo
Porque não consigo esquecer o teu rosto
O desejo consome sensatez


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Desigualdade: num mundo que clama


Ouvindo e cantando

Buscando quem eu sou   
Num mundo que clama
Igualdade e amor

Os vermes imperam em palácios de dor
Comandam as guerras e instauram o terror
Corrosivo egoísmo, o mestre do rancor
Pupilo atrevido que a milhões dominou

Miséria que arrasta homens como um trator
A labirintos extensos sem qualquer protetor
Que exploram sua forças a mover um motor
Em açoites cifrados de um chicote incolor

Gravatas rastejam aos pés do criador 
Tiros abafados por um silenciador
Dizimando a esperança de um povo sofredor
Perpetuam mandatos dos carrascos do amor

Hacker dissipativo, vírus destruidor
Sistema corrompido, a informação limitou
Mas se abrem janelas, programa salvador
Reconstrua a bondade e erros do servidor

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

WWW: vício virtual


Já sentiu aquele tédio mortal de ficar em frente ao computador, clicar repetidamente nos mesmos lugares sem sair do canto?

Já percebeu seus amigos ou até você mesmo, ocultando seus defeitos? Meninas postando fotos na internet e implorando por um elogio para se sentirem bonitas e poderosas? 


Você já morou na mesma rua ou até no mesmo prédio que alguém, e ficou de bate-papo pelo msn, facebook, ou orkut? 


Viu pessoas querendo dar uma de "donas da verdade" e criarem frases de efeito, que não passam de palavras ocas e preconceituosas?


Pois é,
 seja bem-vindo ao WWW: vício virtual.

Minha preguiça e meu tédio estão de mãos dadas na tela do computador      

Fotografias postadas, meninas esperam, imploram elogios
Notícias curtas e falsas, janelas repletas de "oi e tudo bem"                    

Farto de navegadores que não me levam a lugar algum

Em meus mouses viciados, repetidos clicks 
Donwloads de paciencia 
Tempo perdido em vão

Video-conferência de um índio

Com um estranho estrangeiro 
Apostas para criar
A melhor frase de efeito

Podle posando de lobo

O pobre de rico
Suplicando atenção
Escondendo seus defeitos

Minha controversa distância

O perto está longe, o longe está perto do fim
Tão perto da vizinhança, quanto...
Para um astronauta na orbita de um planeta
Em outra dimensão

Satélites indicam o destino de um pacato passageiro

Satisfação garantida, não devolvemos dinheiro!
Montagens hilariantes, legendas feitas a gosto
De um risonho palhaço com uma faca, atravessada no peito    

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Reflexo da dor

Tempos de tristeza. A alma grita, a voz soluça, a lágrima cai.   
Olha-se no espelho. Busca-se aceitação, pesa-se a culpa.
Mas o que se vê, é somente o reflexo da dor.  
  
Ouça o grito da minha dor
Ela vem de cada palavra relutada em minha voz
Compostas nas ilhas de um corsário francês 
Tesouros perdidos na minha alma   

Acaricio o rosto da discórdia 

Eu não sei, de que lado reside a verdade

São dutos tinindo tendências, outra vez...
Ecoa a certeza da incerteza.

Quem sabe um dia amarás o que odeio,
Ou não mais olharás a face do desespero
Será que um dia voltarás  
A ser um mero espelho?

Olhe estas marcas, quero ver quem não tem

Cicatrizes de guerra, martilhos relembrei de
Intensas batalhas travadas em meu ser
Que pro leito da morte levarei

Dosagens estranhas, começo a receber

Injeções de tristeza em minhas veias
Explode em fúria meu senso de culpa
Submerge das sombras minha história

Quem sabe um dia amarás o que odeio,

ou não mais olharás a face do desespero
Será que um dia voltarás  
A ser um mero espelho?

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Carregue as palavras

A pouco tempo, um leitor do "Compondo um Sonho" chamado "Vitor", indagou-me se teria algum conselho para um iniciante em composições. Pois aqui vai um de grande valia:  

Não escreva palavras apenas para preencher espaços vazios.
Elas devem estar carregadas com suas certezas, seus sentimentos, emoções, ideais. Caso contrário, serão apenas o que costumo chamar de "palavras ocas", sem vida.

Toda música tem uma mensagem a ser transmitida. Seja ela um sonho, um amor, uma crença, observação, esperança...

Se você não tem mais nada a dizer, pare por ai, reconstrua, repense.
Mas nunca, jamais, em hipótese alguma, escreva por escrever, porque a mesma não passará de uma "música morta".




terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Nova música


O mar não é mais o mesmo
O mangue está sangrando lixo 
A vida ainda persiste 
Na sombra de um dia tranquilo

O fogo consome a floresta
Um animal a se afugentar
As plantas espirram fumaça
Vida se dissolve no ar

A natureza ressurgi
Um galho sustenta um ninho
Que se alimenta das cinzas
Que um dia só foram vestígios

De

Pessoas cegas de pressa
Pressa pra logo chegar
Chegar onde desejam
Mas onde desejam estar?


Contemple o orvalho nesta fria manhã 
São as lágrimas da vida que renascem em busca de um amanhã

Oh canto dos pássaros, brisa de paz no coração


sábado, 11 de fevereiro de 2012

Estado de espírito e música

Sempre mudando em altos e baixos 

Muda, muda!
A semântica da letra
O peso da melodia
A cadência do ritmo

Se feliz estou, falo de amor 
Se triste estiver, falarei da dor
Se calmo estivesse, falaria da paz

Espírito que compõe, alma que canta 
Sentido da vida, que os males espanta


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Cantando ou recitando poemas

Como irrita ver pessoas caçoarem do amor. Dizerem que ele só trás sofrimento, dor, e no dia seguinte falarem um "eu te amo" pra primeira pessoa que atrai o olhar. Assim como lobos famintos, que encurralam suas presas. Mas estes, as atacam com juras e falsas promessas. 

Elas culpam o amor pelas ruínas dos relacionamentos que não vingaram, e usam-se disso pra justificar ficar vagando de braço em braço, faltando em sinceridade e palavra. 


Ainda por cima, se vangloriam. Ostentam seus "ficantes" como uma espécie de troféu. Projetam seus ideais, suas imagens perfeitas, que não passam de mera ilusão.


As vezes, me sinto muito isolado. Por acreditar, ou por ser um dos poucos a se atrever a dizer que acredito no amor. Acredito nele que é a minha força e minha fraqueza. 


Não preciso ser forte, mas ser amado sim, com certeza preciso. 


E um dia, quando finalmente conseguir ver através da fina neblina da timidez que ludibria-me, poderei viver entre as tranquilas e sossegadas cordilheiras, com um sentimento verdadeiro e sincero no peito, e não apenas
cantando ou recitando poemas.    




Pedaços de carne jogados aos lobos
Parece eu ser o último sonhador
Eles caçoam do amor e o pronunciam 
Como se fosse bom dia

Caminho entre beijos e feridas 

Um copo de paixões destiladas por dia 
Puro prazer momentâneo não sacia minha sede
Quero uma outra bebida

Uivos desesperados na selva de pedra

Corações tão duros e frios como o ambiente que os cerca
Há construções de playgrounds para todos os lados
Sobre os escombros de relacionamentos passados


Ahh! Se eu visse através da neblina que cobre as cordilheiras

Não viveria apenas... cantando ou recitando poemas

Camas encrustadas com cacos de vidro 
Deixam cortes profundos em meu corpo adormecido
Solidão afiada pela minha sensatez 
Ou por sua total ausência

Telas iluminadas por suas projeções 

Imagens vindas de olhos que beiram a perfeição
Pena, nem sempre os outros fazem parte deste
Seu longa-metragem

Vanglórias de vidas cada vez mais vazias 

Em que a quantidade sobrepuja a magia
Do sentimento que nos faz cada vez mais humanos
Nossa sincera fraqueza 

Ahh!  Se eu visse através da neblina que cobre as cordilheiras

Não viveria apenas... cantando ou recitando poemas


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Uma pitada de sonhos

Sonhos

Nos levam para um outro mundo

um mundo sem dono

Ninguém lhe julga, ou recrimina 

Somente você e suas fantasias

Foge, foge! 

Foge do tédio da realidade 
Foge daquilo que te sufoca 
Do cinismo da cidade

Entre e saia quando bem quiseres

Sempre bem-vindo serás
Neste mundo sem dono
Neste mundo dos sonhos 




   

A realidade entedia 
Precisamos temperar a vida com uma pitada de sonhos
Para que ela perca o gosto da monotonia

Surgi no céu uma estrela 
Uma escada que brilha até a via-láctea
Uma passagem pro mundo do impossível 
O conforto dos dias sem graça 

Fantasia que nunca tem limites 
Um convite para o imaginário 
Sobrevoa-se todos os percalços
Na garupa de um cavalo alado

Mas
Eles pedem que eu desça
Pedem que eu desista 
Mas eu não vou

Antes que a estrela escureça 
E toda luz finde na galáxia 
Queria um último pedido 
Que eu nunca pare de sonhar  

Porque
É o que me faz viver
É o que o que eu sou  

Mas
Eles pedem que eu desça
Pedem que eu desista 
Mas eu não vou

Aqui
Não há ninguém 
Pra me julgar 

Pra me impor suas regras tolas 
Feitas por quem não sabe amar


terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Coração prevalece

Pode parecer um pouco abstrato para quem conhece música a fundo, mas quando a técnica me falha, o coração prevalece.

Não tenho um grande conhecimento em notas, acordes, tons... Não fiz aula em conservatórios ou coisas do gênero.


Aprendi tocar violão numa pequena igreja anglicana perto de casa, e cresci tocando as canções de meus maiores ídolos. 


>  Minhas influências 

Acredito esta ser a minha maior limitação. Há várias músicas(principalmente de melodias e ritmos mais pesados) que eu ainda não consigo passar ao violão, e meu canto ainda está longe de ser o ideal.   




Contudo, ao mesmo tempo, acredito ser esta minha principal força, por me importar mais com a essência das composições, do que com a técnica em si. Porém, quero, e devo aprender, assim que possível.

O projeto de gravar em estúdio esbarra em meu ínfimo network na área.  

Em tempo, se tiver algum baterista, guitarrista, baixista, cantor, tecladista... que queira comprar esse projeto do "Compondo um sonho". Entre em contato na nossa página do facebook ou fale diretamente comigo. 



Grande abraço! E volte sempre.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Funk: um dia valeu a pena escutar

Antes que queiram me chamar "intelectualzinho de classe média", ou coisas do gênero. Esclareço que nada tenho contra o ritmo do Funk brasileiro. Muito pelo contrário, pessoalmente acho um ritmo extramente contagiante. Minha crítica é tecida, única e exclusivamente, no aspecto letra. 

Não é novidade pra ninguém que acompanha música, que o Funk foi dominado por letras escrachadas, com termos chulos, e banais. 

Carente em criatividade (convenhamos que não é só o Funk), a apelação é eminente. Lógico, há e sempre houve pontuais exceções, que honram o tão dançante ritmo, com letras vibrantes, diretas e verdadeiras.

Alguns podem me refutar dizendo:
Não! É o grito do gueto, da favela. 

A maioria
das músicas não chegam perto disso. Não retratam o povo. Apenas apelam, apelam e apelam. 

Tempos bons eram aqueles da minha infância, quando se ligava o rádio e escutava-se o verdadeiro Funk com Claudinho e Buchecha. 


domingo, 5 de fevereiro de 2012

A primeira a gente nunca esquece

"Transpiros de desejo". Minha primeira música, meu ponto de partida. 


Se alguém me dissesse a três anos atrás, que hoje eu teria um total de 22 músicas compostas, eu, com certeza daria uma larga e sarcástica risada. Como eu já pude esclarecer no post "As origens e o propósito", a descoberta do dom de compor foi uma surpresa, seguida de entusiasmo e finalmente paixão. 


A letra desta canção, que surgiu num calar de madrugada, no pequenino quartinho de hóspedes, tem um significado especial. 

Sabe aquela sensação de quando você entra no ônibus, e olha para o rosto de cada garota atraente que passa diante de seus olhos, imaginando como ela deve ser, cada detalhe de seu corpo e personalidade, se perguntando se ela gostaria de você ? 

Naquele momento em que você perde o contato visual, e sua pele começa a transpirar de nervosismo. Desejo a flor-da-pele, que vem e vai em questão de segundos. 

Transpiros de desejo

Não vivo por ai 
Chorando por alguém 
Um sentimento invisível
com o calor do ninguém

Transpiro desejos
na minha feição
porque guardo um amor
aqui no coração


Os sonhos se encontram
O ser, perde razão
Domina o meu corpo
com a chama da paixão

Eu quero o seu beijo
Me afasta a solidão
Sufoca meus anseios 
Me faz sentir uma nova emoção.


Vivo por ai
Sonhando com alguém
que me mostre o caminho
minha razão de viver

Me envolve aos pouquinhos
Sem nem perceber
Seu jeitinho, meigo e doce
Se apossou do poder


Suspiro com seu cheiro
delírio ou ilusão?
Meus olhos ja vagueiam
escuto o coração

Seu toque tão suave
Não sinto mais o chão
Me abraça lentamente
Em nuvens de algodão


sábado, 4 de fevereiro de 2012

Amigos: meu maior tesouro

Ano novo 2011-2012, praia de Boa Viagem, Recife.
Esperanças e planos renovados. Mas minha maior riqueza continua, e continuará sendo a mesma:



Quando estou no chão
Os meus amigos vêm me socorrer
Ergo o coração
Com o amor que um dia eu plantei

Choro de emoção
Só suas presenças confortam o meu ser
Parece até
Que me conheciam antes de eu nascer

Mesmo que, o mundo se acabe
Ainda que, um vento me arrastasse
Eu sei que, estariam do meu lado
Os verdadeiros
Os Meus Amigos

São o meu maior tesouro
Meus erros confessados
Meu colo, meu carinho
Meu riso, meu abraço

Meu vício , meu conselho
Meu grito, e desabafo
Minha voz, o meu desejo

São meus amigos


Quando estou no céu
Os meus amigos vem subir também
Tudo é especial
Se eu estiver junto de vocës

Seja o que for
Onde estiver, não importa o que
Vocës comigo
Me sinto forte pra enfrentar o medo                                                                                                    

Mesmo que, o mundo se acabe
Ainda que, um vento me arrastasse
Eu sei que, estariam do meu lado
Os verdadeiros
Os Meus Amigos
São o meu maior tesouro
Meus erros confessados
Meu colo, meu carinho
Meu riso, meu abraço

Meu vício , meu conselho
Meu grito, e desabafo
Minha voz, o meu desejo

São meus amigos



sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O Mestre Silêncio

Diz tudo sem dizer nada
Ele reside em minha casa 

Na calada da noite
No passar da madrugada


Grande amigo e companheiro 
Me conhece como ninguém  
Ele ensina a expressar 
Expressar o que se tem 

O que se tem dentro do peito
E não pode escapar
O que está em minha alma 
E não posso silenciar 


Não tenho a pretensão de ser poeta, mas surgiu por acaso esta pequena poesia para expressar o quanto o silêncio é precioso. 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Rosa de Saron: Uma grata surpresa

Julho de 2011, férias em Vitória, Espirito Santo. 
Era uma noite gospel numa casa de shows local, e sinceramente, à primeira vista a ideia não me animava muito. 

Na ocasião estava hospedado na casa de um de meus melhores amigos, e ele acabou por me convencer a acompanhá-lo, junto com mais dois amigos.


Assistíamos as primeiras atrações, e nada de muito diferente identifiquei nas bandas que ali passavam. 
Adentra ao palco a última atração. 
Que feliz e agradável surpresa! O "Rosa de Saron".

Com uma música incrivelmente limpa, harmoniosa, e um vocalista com uma voz de outro mundo!  



Guilherme de Sá, o melhor cantor do Brasil em minha modesta opinião.

Letras que falam de Deus, mas não da forma tradicional, em que se exalta seu nome a cada estrofe (não que eu seja contra, mas a repetição excessiva é uma coisa que me incomoda em si tratando de música). Mas sim, de uma forma sutil e delicada, com uma linguagem figurada minuciosa, e mais próxima da nossa realidade.


Percebe-se o capricho quando você os escuta. Esta música em especial, sempre me toca:




quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Doce lira: a melodia de Orfeu

Inspirado por essa linda história de um homem que acreditou no amor, e pelo carinho de uma família maravilhosa que convivi por 12 dias em Belo Horizonte. Compus essa canção:



A História de Orfeu
Segundo a mitologia grega, a tempos existia um homem chamado Orfeu. 

Filho do Deus Apolo, ele recebeu de seu pai uma lira, que aprendeu a tocar com magnífica e singular destreza. 
Sua melodia, tão doce e suave. Animais, plantas, homens, deuses... Todos deleitavam-se diante de seus acordes. Até as rochas perdiam a dureza, e amaciavam-se em ressonância com as notas musicais. 

No entanto, no dia de seu casamento, uma cobra acaba por atacar o pé da sua adorada Eurídice. Orfeu, vendo seu amor estendido ao chão, cantou seu pranto desesperado, suplicando ajuda, mas de nada adiantou. Restou a ele, descer ao mundo dos mortos, e pedir clemência a Hades (Deus do mundo dos mortos), e assim o fez.

Passando por uma multidão de fantasmas, se apresentou diante do trono de Hades e Prosérpina (esposa de Hades), e trazendo consigo sua lira, cantou:



"Ó divindades do mundo inferior, para o qual todos nós que vivemos teremos que vir, ouvi minhas palavras, pois são verdadeiras. Não venho para espionar os segredos do Tártaro, nem para tentar experimentar minha força contra o cão de três cabeças que guarda a entrada. Venho à procura de minha esposa, cuja a mocidade o dente de uma venenosa víbora pôs um fim prematuro. O amor que me trouxe, o Amor, um deus todo-poderoso entre nós, que mora na Terra e, se as velhas tradições dizem a verdade, também mora aqui. Imploro-vos: uni de novo os fios da vida de Eurídice. Nós todos somos destinados a vós, por essas abóbadas cheias de terror, por estes reinos de silêncio, e, mais cedo ou mais tarde, passaremos ao vosso domínio. Também ela, quando tiver cumprido o termo de sua vida, será devidamente vossa. Até então, porém, deixai-a comigo, eu vos imploro. Se recusardes, não poderei voltar sozinho, triunfareis com a morte de nós dois. "


A comoção tomou conta de todos que escutaram aquela triste, e emocionante canção. Hades concedeu-lhe a chance de levar sua amada consigo para a superfície, sob uma condição: Enquanto estivesse subindo, não poderia olhá-la, nem mesmo por um ínfimo instante. 


Dito isto, Eurídice foi sendo guiada por Orfeu que ia a frente. Subindo e caminhando em meio a silêncio absoluto, um momento de descuido! Orfeu havia olhado para trás para conferir se ela realmente estava o acompanhando. Ela foi arrebatada de imediato, morrendo pela segunda vez, só restando tempo para dizer "adeus".
      

Ele tentou seguí-la, e pediu permissão para voltar e tentar a sorte novamente, mas desta vez sua aclamação foi recusada. Passou sete dias a margem do lago que separa o reino dos mortos, sem comer ou dormir.

Voltando ao mundo superior, e seduzido por várias donzelas as quais ignorava, continuava a tocar sua agora, triste e desolada lira. Até que as tais donzelas, cansadas de seu desprezo, o matam e o enterram em Limeria, onde segundo diziam, o rouxinol canta sobre seu túmulo, mais afinado que qualquer parte da Grécia.


Zeus tomou a sua Lira, e a colocou entre as estrelas. E finalmente, ele pôde se encontrar com sua querida Eurídice, podendo agora, contemplá-la por toda a eternidade. 



Fonte: O livro de Ouro da Mitologia, Thomas Bulfinch.