quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Doce lira: a melodia de Orfeu

Inspirado por essa linda história de um homem que acreditou no amor, e pelo carinho de uma família maravilhosa que convivi por 12 dias em Belo Horizonte. Compus essa canção:



A História de Orfeu
Segundo a mitologia grega, a tempos existia um homem chamado Orfeu. 

Filho do Deus Apolo, ele recebeu de seu pai uma lira, que aprendeu a tocar com magnífica e singular destreza. 
Sua melodia, tão doce e suave. Animais, plantas, homens, deuses... Todos deleitavam-se diante de seus acordes. Até as rochas perdiam a dureza, e amaciavam-se em ressonância com as notas musicais. 

No entanto, no dia de seu casamento, uma cobra acaba por atacar o pé da sua adorada Eurídice. Orfeu, vendo seu amor estendido ao chão, cantou seu pranto desesperado, suplicando ajuda, mas de nada adiantou. Restou a ele, descer ao mundo dos mortos, e pedir clemência a Hades (Deus do mundo dos mortos), e assim o fez.

Passando por uma multidão de fantasmas, se apresentou diante do trono de Hades e Prosérpina (esposa de Hades), e trazendo consigo sua lira, cantou:



"Ó divindades do mundo inferior, para o qual todos nós que vivemos teremos que vir, ouvi minhas palavras, pois são verdadeiras. Não venho para espionar os segredos do Tártaro, nem para tentar experimentar minha força contra o cão de três cabeças que guarda a entrada. Venho à procura de minha esposa, cuja a mocidade o dente de uma venenosa víbora pôs um fim prematuro. O amor que me trouxe, o Amor, um deus todo-poderoso entre nós, que mora na Terra e, se as velhas tradições dizem a verdade, também mora aqui. Imploro-vos: uni de novo os fios da vida de Eurídice. Nós todos somos destinados a vós, por essas abóbadas cheias de terror, por estes reinos de silêncio, e, mais cedo ou mais tarde, passaremos ao vosso domínio. Também ela, quando tiver cumprido o termo de sua vida, será devidamente vossa. Até então, porém, deixai-a comigo, eu vos imploro. Se recusardes, não poderei voltar sozinho, triunfareis com a morte de nós dois. "


A comoção tomou conta de todos que escutaram aquela triste, e emocionante canção. Hades concedeu-lhe a chance de levar sua amada consigo para a superfície, sob uma condição: Enquanto estivesse subindo, não poderia olhá-la, nem mesmo por um ínfimo instante. 


Dito isto, Eurídice foi sendo guiada por Orfeu que ia a frente. Subindo e caminhando em meio a silêncio absoluto, um momento de descuido! Orfeu havia olhado para trás para conferir se ela realmente estava o acompanhando. Ela foi arrebatada de imediato, morrendo pela segunda vez, só restando tempo para dizer "adeus".
      

Ele tentou seguí-la, e pediu permissão para voltar e tentar a sorte novamente, mas desta vez sua aclamação foi recusada. Passou sete dias a margem do lago que separa o reino dos mortos, sem comer ou dormir.

Voltando ao mundo superior, e seduzido por várias donzelas as quais ignorava, continuava a tocar sua agora, triste e desolada lira. Até que as tais donzelas, cansadas de seu desprezo, o matam e o enterram em Limeria, onde segundo diziam, o rouxinol canta sobre seu túmulo, mais afinado que qualquer parte da Grécia.


Zeus tomou a sua Lira, e a colocou entre as estrelas. E finalmente, ele pôde se encontrar com sua querida Eurídice, podendo agora, contemplá-la por toda a eternidade. 



Fonte: O livro de Ouro da Mitologia, Thomas Bulfinch.

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