Hoje trago algo um pouco diferente de minhas composições. Um poema, rebuscado pelo meu bisavô em seu livro "No Brasil, quando anoitece..." que acredito datar por volta de 80 anos atrás.
Exponho pra vocês o meu poema favorito, entre os tantos que este cidadão de Vitória de Santo Antão-PE, escreveu nos seus curtos 38 anos de existência (1909-1947).
Moça bonita por Henrique de Holanda
Presos nesta fita
fez bem em prendê-los
O vento, insensato,
deseja-os roubar !
Ô moça bonita
praquê tais cabelos ?
" - Pra botar extráto, pra meu bem cheirar"
Parecem de louça
dois lagos, escólhos;
tristeza; esplendor...
não me olhe, moça!
Praquê estes olhos ?
" - Pra ver meu amor!"
Pequena! tão pouca!
"siá" moça não mente,
é ouro de lei
praquê esta boca ?
" - Pra bei... justamente hum-rum... eu nem sei"
Saber eu preciso:
bem aqui pra nós,
baixinho, no ouvido,
praquê este riso?
Praquê esta voz?
" - Para o meu querido"
Adeus. Mas... insisto:
esta alma tão nobre
onde o céu se esconde...
... não corra! Só isto:
sú alma praquê?
A moça se encobre
e o eco responde:
Parece que não é necessário um "adeus" para remexer as emoções. Num memorável dia de inverno, senti um simples "até logo" romper minha compostura num choro desenfreado, num abraço cujo aperto era de quem não queria soltar nunca mais.
Era saudade que se antecipava. Saudade da linda família que me acolheu de braços e corações abertos, durante 12 dias de férias. Saudade dela, da mulher mais forte, de mais personalidade que um dia eu conheci. A irmã que nunca tive, a menina de gestos carinhosos, dos sorrisos largos, mas de sinceridade, de coração meigo e valente.
A cada peça roupa que eu punha na bolsa, mais tornava-se latente a dor da partida. E de repente, me dava conta que a distância, mais uma vez, estava por me privar de sua presença. Foi quando as lágrimas entraram em cena, e não havia jeito de às segurar.
Na despedida, as palavras sumiram, e um doce abraço emergiu dentre as lágrimas, resumindo tudo num gesto de carinho, numa lembrança que guardo, e guardarei comigo até os últimos dias de minha vida. Tive saudade antes de partir Tive vontade de não te soltar mais Como pode ser tão forte assim Um terno abraço imerso a mil lágrimas No meio tempo que fiquei ai Pude conhecer suas virtudes e defeitos Nunca vi mulher tão forte assim Mas que chorou junto os meus braços ao se despedir Na bagagem eu guardei a doce lembrança desse abraço Até hoje, todas as noites eu a aperto entre meus braços (entre meus braços) Para reviver aquele momento tão lindo, tão lindo (tão lindo, tão lindo)
Quando o sol estava brilhando Em meu coração aberto A vida era tão linda Com você ao meu lado Quanta inocência você tinha em seus olhos? Ser feliz era tão fácil Com você ao meu lado Vem as nuvens da memórias Iniciando uma chuva no céu Os campos ficando mais verde No meu sonho, ao seu lado Estaria a distância Satisfeita? Você vive em meu sorriso No meu sonho, toda noite Tola distância Não existem barreiras para o amor Você esqueceu que eles vivem em meus pensamentos Andando através das memórias, ao meu lado A esperança não vai desaparecer da alma Eu sinto como se ouvisse sua voz Ressoando pelas paredes da minha casa
Seria muito conveniente, simplesmente fingir acreditar em céu, no paraíso eterno.
A finitude da vida, tem sido o assunto mais recorrentemente refletido, com minha cabeça sobreposta ao travesseiro. E posso confessar? Me amedronta.
Sei que não é comum à uma pessoa de 20 anos de idade, estar discursando sobre tão delicado tópico, mas escrever e compartilhar meus medos sempre me ajudaram a compreendê-los melhor.
Pensar que a vida se extingue, pensar no momento de partir... me retorce os tornozelos, faz meus olhos gritarem de assombro. É como se um fantasma rondasse meus pensamentos e não deixasse o sono seguir seu curso.
Mas imaginar a vida eterna, é ansiar demais. É retirar a intensidade que faz a vida ser vida, é limitar o homem à sobrevivência.
Do outro lado do medo, eu tenho uma crença. A crença de que todos somos eternos enquanto vivemos, de que nós deixamos a nossa marca no mundo através das nossas atitudes e do amor que semeamos entre as pessoas. Somos eternos por aquilo que escolhemos ser e fazer.
A morte? Não passa de um último sono, o descanso de uma vida que se esvaiu, mas que brilhou intensamente, como uma linda e majestosa estrela, que um dia padeceu.