domingo, 23 de setembro de 2012

Moça bonita

Hoje trago algo um pouco diferente de minhas composições. Um poema, rebuscado pelo meu bisavô em seu livro "No Brasil, quando anoitece..." que acredito datar por volta de 80 anos atrás.

Exponho pra vocês o meu poema favorito, entre os tantos que este cidadão de Vitória de Santo Antão-PE, escreveu nos seus curtos 38 anos de existência (
1909-1947).


Moça bonita 

por Henrique de Holanda

Presos nesta fita
fez bem em prendê-los
O vento, insensato,
deseja-os roubar !
Ô moça bonita
praquê tais cabelos ?

        " - Pra botar extráto, 
         pra meu bem cheirar"

Parecem de louça
dois lagos, escólhos;
tristeza; esplendor...
não me olhe, moça!
Praquê estes olhos ?

       " - Pra ver meu amor!"

Pequena! tão pouca!
"siá" moça não mente,
é ouro de lei
praquê esta boca ?

       " - Pra bei... justamente
       hum-rum... eu nem sei"

Saber eu preciso:
bem aqui pra nós,
baixinho, no ouvido,
praquê este riso?
Praquê esta voz?

      " - Para o meu querido" 

Adeus. Mas... insisto:
esta alma tão nobre
onde o céu se esconde...
... não corra! Só isto:
sú alma praquê?
A moça se encobre
e o eco responde:

      " - Pra guardar você!..." 

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