segunda-feira, 28 de maio de 2012

O apreensivo calar das ruas

É noite na cidade. Os carros passam nas avenidas com seus faróis apontados para o horizonte, pedestres andam olhando de um lado para o outro, com a apreensão sufocante de quem quer logo sentir o conforto e a segurança de casa. Isso para aqueles que a tem.

Olhe! O espetáculo vexaminoso das nossas ruas está prestes a começar!

Num canto, as prostitutas ofertam seu corpo sob a pálida iluminação das lampadas incandescentes. Do outro, um podre e "xexelento" mendigo, com as vestes rasgadas, coberto por jornais, agarrado com a pinga na qual afoga suas mágoas e esperanças. Entre eles, um menino drogado escorado num beco, que vê sua infância e juventude ser-lhe tiradas pela impiedosa "Lei das Ruas".

Ande mais rápido! Ande mais rápido! Pois o silêncio da madrugada é o alerta vermelho.

E dessa tenebrosa atmosfera do caminhar nas ruas a noite, surge a mais nova composição:


Olhe para o lado pra não ser assaltado 

Olhe para o outro pra não ser atropelado 
Olhe na esquina o perigo temerário

Olhe para carros, condutores estressados 

Olhe para o beco, pobre menino drogado 
Olhe sem vergonha este patético cenário

Prostitutas ao canto 

Escuridão faz seu palco 
Luzes incandescentes 
Contrastando no asfalto 

Mendigo ao relento 

Com uma pinga agarrado 
Deitado na calçada
Sob o jornal do mês passado 

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