Ouvindo e cantando Buscando quem eu sou Num mundo que clama Igualdade e amor
Os vermes imperam em palácios de dor Comandam as guerras e instauram o terror Corrosivo egoísmo, o mestre do rancor Pupilo atrevido que a milhões dominou
Miséria que arrasta homens como um trator A labirintos extensos sem qualquer protetor Que exploram sua forças a mover um motor Em açoites cifrados de um chicote incolor
Gravatas rastejam aos pés do criador Tiros abafados por um silenciador Dizimando a esperança de um povo sofredor Perpetuam mandatos dos carrascos do amor
Hacker dissipativo, vírus destruidor Sistema corrompido, a informação limitou Mas se abrem janelas, programa salvador Reconstrua a bondade e erros do servidor
Já sentiu aquele tédio mortal de ficar em frente ao computador, clicar repetidamente nos mesmos lugares sem sair do canto?
Já percebeu seus amigos ou até você mesmo, ocultando seus defeitos? Meninas postando fotos na internet e implorando por um elogio para se sentirem bonitas e poderosas? Você já morou na mesma rua ou até no mesmo prédio que alguém, e ficou de bate-papo pelo msn, facebook, ou orkut?
Viu pessoas querendo dar uma de "donas da verdade" e criarem frases de efeito, que não passam de palavras ocas e preconceituosas? Pois é, seja bem-vindo ao WWW: vício virtual. Minha preguiça e meu tédio estão de mãos dadas na tela do computador Fotografias postadas, meninas esperam, imploram elogios Notícias curtas e falsas, janelas repletas de "oi e tudo bem"
Farto de navegadores que não me levam a lugar algum Em meus mouses viciados, repetidos clicks Donwloads de paciencia Tempo perdido em vão
Video-conferência de um índio Com um estranho estrangeiro Apostas para criar A melhor frase de efeito
Podle posando de lobo O pobre de rico Suplicando atenção Escondendo seus defeitos
Minha controversa distância O perto está longe, o longe está perto do fim Tão perto da vizinhança, quanto... Para um astronauta na orbita de um planeta Em outra dimensão
Satélites indicam o destino de um pacato passageiro Satisfação garantida, não devolvemos dinheiro! Montagens hilariantes, legendas feitas a gosto De um risonho palhaço com uma faca, atravessada no peito
Tempos de tristeza. A alma grita, a voz soluça, a lágrima cai. Olha-se no espelho. Busca-se aceitação, pesa-se a culpa. Mas o que se vê, é somente o reflexo da dor. Ouça o grito da minha dor Ela vem de cada palavra relutada em minha voz Compostas nas ilhas de um corsário francês Tesouros perdidos na minha alma
Acaricio o rosto da discórdia Eu não sei, de que lado reside a verdade São dutos tinindo tendências, outra vez... Ecoa a certeza da incerteza.
Quem sabe um dia amarás o que odeio, Ou não mais olharás a face do desespero Será que um dia voltarás A ser um mero espelho? Olhe estas marcas, quero ver quem não tem Cicatrizes de guerra, martilhos relembrei de Intensas batalhas travadas em meu ser Que pro leito da morte levarei Dosagens estranhas, começo a receber Injeções de tristeza em minhas veias Explode em fúria meu senso de culpa Submerge das sombras minha história Quem sabe um dia amarás o que odeio, ou não mais olharás a face do desespero Será que um dia voltarás A ser um mero espelho?
A pouco tempo, um leitor do "Compondo um Sonho" chamado "Vitor", indagou-me se teria algum conselho para um iniciante em composições. Pois aqui vai um de grande valia: Não escreva palavras apenas para preencher espaços vazios. Elas devem estar carregadas com suas certezas, seus sentimentos, emoções, ideais. Caso contrário, serão apenas o que costumo chamar de "palavras ocas", sem vida. Toda música tem uma mensagem a ser transmitida. Seja ela um sonho, um amor, uma crença, observação, esperança... Se você não tem mais nada a dizer, pare por ai, reconstrua, repense. Mas nunca, jamais, em hipótese alguma, escreva por escrever, porque a mesma não passará de uma "música morta".
Como irrita ver pessoas caçoarem do amor. Dizerem que ele só trás sofrimento, dor, e no dia seguinte falarem um "eu te amo" pra primeira pessoa que atrai o olhar. Assim como lobos famintos, que encurralam suas presas. Mas estes, as atacam com juras e falsas promessas.
Elas culpam o amor pelas ruínas dos relacionamentos que não vingaram, e usam-se disso pra justificar ficar vagando de braço em braço, faltando em sinceridade e palavra. Ainda por cima, se vangloriam. Ostentam seus "ficantes" como uma espécie de troféu. Projetam seus ideais, suas imagens perfeitas, que não passam de mera ilusão. As vezes, me sinto muito isolado. Por acreditar, ou por ser um dos poucos a se atrever a dizer que acredito no amor. Acredito nele que é a minha força e minha fraqueza. Não preciso ser forte, mas ser amado sim, com certeza preciso. E um dia, quando finalmente conseguir ver através da fina neblina da timidez que ludibria-me, poderei viver entre as tranquilas e sossegadas cordilheiras, com um sentimento verdadeiro e sincero no peito, e não apenas cantando ou recitando poemas.
Pedaços de carne jogados aos lobos
Parece eu ser o último sonhador Eles caçoam do amor e o pronunciam Como se fosse bom dia Caminho entre beijos e feridas Um copo de paixões destiladas por dia Puro prazer momentâneo não sacia minha sede Quero uma outra bebida Uivos desesperados na selva de pedra Corações tão duros e frios como o ambiente que os cerca Há construções de playgrounds para todos os lados Sobre os escombros de relacionamentos passados
Ahh! Se eu visse através da neblina que cobre as cordilheiras
Não viveria apenas... cantando ou recitando poemas
Camas encrustadas com cacos de vidro Deixam cortes profundos em meu corpo adormecido Solidão afiada pela minha sensatez Ou por sua total ausência Telas iluminadas por suas projeções Imagens vindas de olhos que beiram a perfeição Pena, nem sempre os outros fazem parte deste Seu longa-metragem Vanglórias de vidas cada vez mais vazias Em que a quantidade sobrepuja a magia Do sentimento que nos faz cada vez mais humanos Nossa sincera fraqueza Ahh! Se eu visse através da neblina que cobre as cordilheiras Não viveria apenas... cantando ou recitando poemas
Sonhos Nos levam para um outro mundo um mundo sem dono Ninguém lhe julga, ou recrimina Somente você e suas fantasias Foge, foge! Foge do tédio da realidade Foge daquilo que te sufoca Do cinismo da cidade Entre e saia quando bem quiseres Sempre bem-vindo serás Neste mundo sem dono Neste mundo dos sonhos
A realidade entedia
Precisamos temperar a vida com uma pitada de sonhos
Pode parecer um pouco abstrato para quem conhece música a fundo, mas quando a técnica me falha, o coração prevalece. Não tenho um grande conhecimento em notas, acordes, tons... Não fiz aula em conservatórios ou coisas do gênero. Aprendi tocar violão numa pequena igreja anglicana perto de casa, e cresci tocando as canções de meus maiores ídolos.
Acredito esta ser a minha maior limitação. Há várias músicas(principalmente de melodias e ritmos mais pesados) que eu ainda não consigo passar ao violão, e meu canto ainda está longe de ser o ideal.
Contudo, ao mesmo tempo, acredito ser esta minha principal força, por me importar mais com a essência das composições, do que com a técnica em si. Porém, quero, e devo aprender, assim que possível. O projeto de gravar em estúdio esbarra em meu ínfimo network na área.
Em tempo, se tiver algum baterista, guitarrista, baixista, cantor, tecladista... que queira comprar esse projeto do "Compondo um sonho". Entre em contato nanossa página do facebookou fale diretamente comigo.
Antes que queiram me chamar "intelectualzinho de classe média", ou coisas do gênero. Esclareço que nada tenho contra o ritmo do Funk brasileiro. Muito pelo contrário, pessoalmente acho um ritmo extramente contagiante. Minha crítica é tecida, única e exclusivamente, no aspecto letra.
Não é novidade pra ninguém que acompanha música, que o Funk foi dominado por letras escrachadas, com termos chulos, e banais.
Carente em criatividade (convenhamos que não é só o Funk), a apelação é eminente. Lógico, há e sempre houve pontuais exceções, que honram o tão dançante ritmo, com letras vibrantes, diretas e verdadeiras. Alguns podem me refutar dizendo: Não! É o grito do gueto, da favela.
A maioriadas músicas não chegam perto disso. Não retratam o povo. Apenas apelam, apelam e apelam.
Tempos bons eram aqueles da minha infância, quando se ligava o rádio e escutava-se o verdadeiro Funk com Claudinho e Buchecha.
"Transpiros de desejo". Minha primeira música, meu ponto de partida.
Se alguém me dissesse a três anos atrás, que hoje eu teria um total de 22 músicas compostas, eu, com certeza daria uma larga e sarcástica risada. Como eu já pude esclarecer no post "As origens e o propósito", a descoberta do dom de compor foi uma surpresa, seguida de entusiasmo e finalmente paixão.
A letra desta canção, que surgiu num calar de madrugada, no pequenino quartinho de hóspedes, tem um significado especial.
Sabe aquela sensação de quando você entra no ônibus, e olha para o rosto de cada garota atraente que passa diante de seus olhos, imaginando como ela deve ser, cada detalhe de seu corpo e personalidade, se perguntando se ela gostaria de você ?
Naquele momento em que você perde o contato visual, e sua pele começa a transpirar de nervosismo. Desejo a flor-da-pele, que vem e vai em questão de segundos.
Transpiros de desejo
Não vivo por ai Chorando por alguém Um sentimento invisível com o calor do ninguém
Transpiro desejos na minha feição porque guardo um amor aqui no coração
Os sonhos se encontram O ser, perde razão Domina o meu corpo com a chama da paixão
Eu quero o seu beijo Me afasta a solidão Sufoca meus anseios Me faz sentir uma nova emoção.
Vivo por ai Sonhando com alguém que me mostre o caminho minha razão de viver
Me envolve aos pouquinhos Sem nem perceber Seu jeitinho, meigo e doce Se apossou do poder
Suspiro com seu cheiro delírio ou ilusão? Meus olhos ja vagueiam escuto o coração
Seu toque tão suave Não sinto mais o chão Me abraça lentamente Em nuvens de algodão
Julho de 2011, férias em Vitória, Espirito Santo. Era uma noite gospel numa casa de shows local, e sinceramente, à primeira vista a ideia não me animava muito. Na ocasião estava hospedado na casa de um de meus melhores amigos, e ele acabou por me convencer a acompanhá-lo, junto com mais dois amigos. Assistíamos as primeiras atrações, e nada de muito diferente identifiquei nas bandas que ali passavam. Adentra ao palco a última atração. Que feliz e agradável surpresa! O "Rosa de Saron". Com uma música incrivelmente limpa, harmoniosa, e um vocalista com uma voz de outro mundo!
Guilherme de Sá, o melhor cantor do Brasil em minha modesta opinião.
Letras que falam de Deus, mas não da forma tradicional, em que se exalta seu nome a cada estrofe (não que eu seja contra, mas a repetição excessiva é uma coisa que me incomoda em si tratando de música). Mas sim, de uma forma sutil e delicada, com uma linguagem figurada minuciosa, e mais próxima da nossa realidade.
Percebe-se o capricho quando você os escuta. Esta música em especial, sempre me toca:
Inspirado por essa linda história de um homem que acreditou no amor, e pelo carinho de uma família maravilhosa que convivi por 12 dias em Belo Horizonte. Compus essa canção:
A História de Orfeu Segundo a mitologia grega, a tempos existia um homem chamado Orfeu. Filho do Deus Apolo, ele recebeu de seu pai uma lira, que aprendeu a tocar com magnífica e singular destreza. Sua melodia, tão doce e suave. Animais, plantas, homens, deuses... Todos deleitavam-se diante de seus acordes. Até as rochas perdiam a dureza, e amaciavam-se em ressonância com as notas musicais.
No entanto, no dia de seu casamento, uma cobra acaba por atacar o pé da sua adorada Eurídice. Orfeu, vendo seu amor estendido ao chão, cantou seu pranto desesperado, suplicando ajuda, mas de nada adiantou. Restou a ele, descer ao mundo dos mortos, e pedir clemência a Hades (Deus do mundo dos mortos), e assim o fez.
Passando por uma multidão de fantasmas, se apresentou diante do trono de Hades e Prosérpina (esposa de Hades), e trazendo consigo sua lira, cantou:
"Ó divindades do mundo inferior, para o qual todos nós que vivemos teremos que vir, ouvi minhas palavras, pois são verdadeiras. Não venho para espionar os segredos do Tártaro, nem para tentar experimentar minha força contra o cão de três cabeças que guarda a entrada. Venho à procura de minha esposa, cuja a mocidade o dente de uma venenosa víbora pôs um fim prematuro. O amor que me trouxe, o Amor, um deus todo-poderoso entre nós, que mora na Terra e, se as velhas tradições dizem a verdade, também mora aqui. Imploro-vos: uni de novo os fios da vida de Eurídice. Nós todos somos destinados a vós, por essas abóbadas cheias de terror, por estes reinos de silêncio, e, mais cedo ou mais tarde, passaremos ao vosso domínio. Também ela, quando tiver cumprido o termo de sua vida, será devidamente vossa. Até então, porém, deixai-a comigo, eu vos imploro. Se recusardes, não poderei voltar sozinho, triunfareis com a morte de nós dois. "
A comoção tomou conta de todos que escutaram aquela triste, e emocionante canção. Hades concedeu-lhe a chance de levar sua amada consigo para a superfície, sob uma condição: Enquanto estivesse subindo, não poderia olhá-la, nem mesmo por um ínfimo instante.
Dito isto, Eurídice foi sendo guiada por Orfeu que ia a frente. Subindo e caminhando em meio a silêncio absoluto, um momento de descuido! Orfeu havia olhado para trás para conferir se ela realmente estava o acompanhando. Ela foi arrebatada de imediato, morrendo pela segunda vez, só restando tempo para dizer "adeus".
Ele tentou seguí-la, e pediu permissão para voltar e tentar a sorte novamente, mas desta vez sua aclamação foi recusada. Passou sete dias a margem do lago que separa o reino dos mortos, sem comer ou dormir. Voltando ao mundo superior, e seduzido por várias donzelas as quais ignorava, continuava a tocar sua agora, triste e desolada lira. Até que as tais donzelas, cansadas de seu desprezo, o matam e o enterram em Limeria, onde segundo diziam, o rouxinol canta sobre seu túmulo, mais afinado que qualquer parte da Grécia. Zeus tomou a sua Lira, e a colocou entre as estrelas. E finalmente, ele pôde se encontrar com sua querida Eurídice, podendo agora, contemplá-la por toda a eternidade.
Fonte: O livro de Ouro da Mitologia, Thomas Bulfinch.